domingo, 14 de agosto de 2011

DEVANEIO n. 28: A Poesia Paulistana

Caro amigo, nao venha a Sao Paulo sem um caderno de campo, uma camera fotografica ou um olhar antropologico. Apesar de que, nem um dos dois primeros valera sem o ultimo. Mas, pensando bem, mesmo assim venha a Sao Paulo.
Caminhe pela Av. Paulista como acabei de fazer. Perceba a vida que existe para alem dos predios. Veja cada pontinho cultural que existe ali.
Entre sem compromisso na "Casa das Rosas" e descubra o recanto do poeta Haroldo de Campos.
Caminhe um pouco mais e adentre ao Parque Trianon. Caminhe dentre as arvores e abra seus ouvidos para, em meio ao barulho das buzinas la fora e dos helicopeteros que lhe sobrevoam, ouvir o canto dos passaros e o barulho das criancas que brincam no "parquinho".
Duas quadras depois esteja atento para ver que existe ali mais um cantinho verde - Parque Mario Covas.
Nao deixe, porem, de atentar para que ao contrario dos outros dias da semana o que se ve por ali nao sao executivos de terno e gravata, mulheres de scarpin, nem tao pouco um propagandista a cada esquina.
Numa manha de domingo o que vemos sao familias caminhando. Homens e mulheres de moleton e tenis. Um menino andanto de "patinete" e varios senhores caminhando com seus caes.
Vemos tambem a tipica madame paulistana reclamando com o guardinha que "nao se pode mais andar na Paulista depois das 19h", mas ela nao leva em consideracao que a violencia tem uma motivacao social. Que "os bandidnhos" tambem tem direito a cidade e que "a Paulista" tambem lhes pertence.
No caminho de volta, pelo outro lado pare um pouco no vao do MASP e veja ali a "feirinha de antiquarios". Certamente um espaco em que os paulistanos relembram e guardam a "velha Sao Paulo", que na verdade ainda existe ali, mais timida e menos visivel, mas existe.
Esteja aqui. Converse com o jornaleiro e ganhe o domingo ao ler na capa de uma revista a seguinte declaracao de Dilma: "A subordinacao do poder militar ao civil foi uma conquista da sociedade!"
Enfim, venha a Sao Paulo e respire a poluicao do puro ar onde a vida existe e acontece.

Estou aqui escrevendo. Lembrando de cada nostalgia atipica que vi hoje, mas pensando que o tempo todo foi o lugar comum que esteve em minha cabeca e que andei duas horas cantarolando a poesia de Eduardo Gudin:

PAULISTA
Na Paulista os faróis já vão abrir...
E um milhão de estrelas
prontas pra invadir, os jardins
onde a gente aqueceu uma paixão...
Manhãs frias de abril.

Se a avenida exilou seus casarões,
quem reconstruiria nossas ilusões?
Me lembrei de contar prá você, nessa canção,
que o amor conseguiu...

Você sabe quantas noites eu te procurei,
nessas ruas onde andei?
Conta onde passeia hoje esse seu olhar...
Quantas fronteiras ele já cruzou,
no mundo inteiro de uma só cidade?

Se os seus sonhos imigraram sem deixar
nem pedra sobre pedra prá poder lembrar...
Dou razão, é difícil hospedar no coração
sentimentos assim.


Um comentário:

  1. Aos Leitores: o teclado de onde escrevo nao tem acentos, por isso mil perdoes.

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