segunda-feira, 27 de setembro de 2010

DEVANEIO nº 23: Reta Final


Como eu disse abaixo, algumas coisas me apurrinham nestes tempos eleitoreiros.
  • Entendo o que meus professores dizem quando reclamam do fato de que só por que somos (ou seremos) Cientistas Sociais temos que ter opinião formada sobre tudo (concordo também com Raul Seixas nessa hora);
  • Só por que tenho um posicionamento partidário “polêmico” e não me envergonho em divulgá-lo, meu casco fica todo alvejado.
Este ano em especial algumas questões estão claramente postas e eu fico sempre matutando. A cada indagação externa me indago internamente também para ver até que ponto meus posicionamentos são sólidos e/ou coerentes.
Coitados dos que me lêem foram pegos para teste. (rs...)

Algumas reflexões, então:

1) Ainda vivemos sobre o “mito vindouro da MUDANÇA”. E talvez a Direita nunca tenha pronunciado tanto esta perspectiva quanto agora.
E por quê?
Por que a mudança tão pronunciada desde sempre neste país, aquela mesma (ou similar) adiada em 1964 começou a ser feita. Claro que não de forma rápida e revolucionaria como queria a extrema-esquerda, mas começou!
E a mudança quando sai do discurso incomoda principalmente àqueles que não a desejam, como é o caso da corja oligárquica. Por isso falam em mudar. O que na verdade significa dizer que desejam reverter um processo que se iniciou e se mostra bastante promissor (ver Devaneio nº21).
 Devemos ter claro em mente o país que queremos e suas possibilidades reais de se concretizar. Nossa DEMOCRACIA está em franco processo de aprimoramento, tanto em seus aspectos formais como também valorativos.
Por este motivo também que aposto no projeto do “continuar mudando”.

2) É óbvio também que ainda não alcançamos o país que supomos querer, então o que significa “continuar mudando”?
Significa justamente ampliar este processo de ascensão, inclusive (e principalmente) popular, pelo qual o Brasil passa. Minimamente: o estabelecimento da Poliarquia. Porém, quando digo que nossa democracia tem se aprimorado, é por que aqui não precisamos restringir os meios de Participação e Contestação como única e exclusivamente representados pelo voto.
Já possuímos mecanismos muito mais sofisticados para tal. Trata-se de ampliá-los...fazê-los cumprir...e sobre tudo ocupá-los.
Espaços Públicos...Bolsas quaisquer...Desenvolvimento econômico (estável)...Educação...etc...etc...tudo precisa ser ampliado e melhorado, mas confio no ritmo que tem ocorrido.
O Brasil nunca foi tão de TODOS quanto agora. Inclusive dos banqueiros! Antes só era deles e de seus amiguinhos.

3) A este terceiro questionamento eu não tenho resposta nem argumentos concretos e plausíveis por hora formulados, mas esta foi uma questão que não saiu de minha cabeça, sobretudo nessa campanha: “por que o assistencialismo das religiões se traveste de caridade e alguns Programas estatais (no cumprimento do seu dever) são tidos como assistencialismo?”.
No íntimo talvez eu até tenha o caminho para responder, mas prefiro não utilizar argumentos que ainda são de vidro.



DEVANEIO nº 22 - Hoje

O dia da eleição se aproxima a passos galopantes, já faz dias que estou querendo regurgitar algumas inquietações que sempre me apurrinham nesta época, mas sao tantas coisas que nao consegui organizar sistematicamente num texto. 

Por isso, resolvi vim por aqui "hoje" só para uma dica musical.
Ainda nem terminei de lhes trazer os comentários dos discos da RoRo, mas um CD em especial tem me encantado nas últimas semanas.
Trata-se do Álbum "HOJE" de Gal Costa lançado em 2005.
As musicas, em sua maioria de compositores jovens e pouco conhecidos, são uma delicia de se ouvir.
Muitissimo agradavel.
Recomendo!!!

Abaixo, segue video de uma das canções do disco (que também transformou-se em show e DVD)


sexta-feira, 10 de setembro de 2010

DEVANEIO nº 21: É isso aí!

A GRANDE INVERSÃO - Daniel Aarão
Publicado em O Globo em 7 / 09/ 2010


A disparada de Dilma Rousseff nas pesquisas de opinião pública tem suscitado interpretações diversas.
Duas constatações mobilizam os comentaristas: a primeira é a popularidade do governo, atingindo patamares de quase unanimidade, se computados como favoráveis os que avaliam o desempenho de Lula como ótimo, bom ou regular. Depois de oito anos, trata-se de algo raro.
A segunda constatação é a capacidade de transferência de votos do presidente. Também não é algo comum.
O comum é o inverso. Líderes de expressão nem sempre conseguem “fazer” os sucessores. Isto se deve, em parte, à vontade deles mesmos, por medo que os herdeiros possam obscurecer sua liderança, apagandoos da história. Leonel Brizola era craque nisto: nunca elegeu um sucessor, embora saindo de governos com alto índice de popularidade.
O mesmo aconteceu na sucessão de FHC. Embora desgastado, foi notório que ele preferia transferir a faixa presidencial ao líder operário, mesmo porque estava convencido de que a gestão deste seria um fracasso, favorecendo, quem sabe, a sua volta ao poder. No entanto, mesmo que os líderes o desejem, a transferência de votos nem sempre se dá, ou se dá de forma tão parcial que os herdeiros perdem as eleições.
Ora, o que surpreende nesta campanha eleitoral é a capacidade de transferência de votos de Lula para Dilma. Esta era uma personagem desconhecida em termos eleitorais. Sua vocação era outra: a de servidora pública, empenhada na gestão de empresas estatais ou planos de desenvolvimento.
Assim, quando Lula sacou o seu nome e o apresentou ao distinto público, não faltaram análises de que o homem não queria eleger o sucessor, no caso, sucessora.
Escolhera um nome destinado a uma derrota eleitoral honrosa, evitando sombras em sua popularidade.
Mas não foi isto que aconteceu.
Lula investiu na herdeira, pessoalmente e com a máquina pública. Os resultados não se fizeram esperar e até agora espantam os analistas.
O que dizer destas evidências? Os mais simplórios, como sempre, denunciam sombrias manipulações.
É uma velha cantilena, de direita e de esquerda. Quando o eleitorado não acompanha suas propostas é porque está sendo manipulado. Para a velha UDN, era Vargas o grande manipulador.
Para as esquerdas, depois da ditadura, era a TV Globo que orquestrava as mentes. A conclusão é sempre a mesma: as pessoas não sabem votar.
Multidões passivas, despolitizadas, idiotas! Idiota, no caso, é a interpretação, incapaz de compreender a complexidade do processo histórico.
Uma outra linha interpretativa foi importada de análise feita nos EUA a propósito da eleição de Bill Clinton.
Um gênio teria formulado a frase: é a economia, seu estúpido! Queria dizer com isto que o eleitorado estadunidense estaria votando de acordo com seus interesses econômicos. Como Clinton falou, e muito, do assunto, ganhou as eleições com folga.
Transportada para o Brasil, a tese poderia ser assim traduzida: as classes populares, na grande maioria, estariam votando com o bolso, ou seja, como os governos de Lula as beneficiaram economicamente, elas tenderiam a manter uma fidelidade canina ao benefactor.
A análise não é destituída de fundamento.
Com efeito, os interesses econômicos são um ingrediente importante nas escolhas de qualquer eleitorado. Mas, se o ser humano não vive sem pão, sabe-se também que “nem só de pão vivem os humanos”.
A hipótese que sustento é que a aprovação do governo Lula e a sua inusitada capacidade de transferência de votos residem num processo mais profundo: o acesso progressivo das classes populares à cidadania.
Lula é a expressão maior disso. Ele é visto como o político que promoveu como ninguém este acesso. Isto tem a ver com bens materiais, sem dúvida.
Mas há outros bens, simbólicos, mais importantes que o pão nosso de cada dia. E é isto que as direitas raivosas e as esquerdas radicais não percebem. As pessoas comuns, desde os anos 1980, e cada vez mais, começaram a achar graça nas instituições e nas lutas institucionais. Política, assunto de brancos ricos, começou a ser também de pardos, negros, índios e brancos pobres.
Esta é uma novidade óbvia, senhores e senhoras das elites brancas (a expressão é de Cláudio Lembo, líder conservador). Se Vossas Excelências puserem o ouvido no chão, talvez sejam capazes de ouvir o tropel que se aproxima. Se olharem para o mar, vão ver o tsunami que vem por aí. Na história desta república, só antes de 1964 houve coisa parecida com o que está ocorrendo agora. Entretanto, na época, os movimentos populares queriam muito e muito rápido. Não deu. Veio o golpe, paralisou e reverteu o processo. Agora, não. A multidão come pelas bordas, com paciência e moderação, devagar e sempre, mas a fome destas gentes é insaciável.
Quando as pessoas comuns compreendem os benefícios da democracia, querem para elas também. É raso imaginar que tudo se esgota no pão.
O pão quentinho é gostoso, quem não gosta? É mais do que isto, porém: os comuns querem a cidadania. Plena.
Querem jogar o jogo político como gente grande, como antes só os brancos ricos faziam. Uma grande inversão.
Vai dar? Não vai dar? Veremos. Mas uma coisa é certa: não vai ser tão fácil deter esta onda.


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

DEVANEIO nº 20: Se você é, diga que é!

Caros amigos, alguns "Devaneios", migraram por uma causa justa: o contato de um maior numero de pessoa a um assunto que avalio de extrema importancia.
O site "Maringay" publicou na ultima semana um texto meu sobre o Censo 2010 e a questão da homossexualidade.
Leiam e comentem: "Se você é, diga que é!"

domingo, 8 de agosto de 2010

DEVANEIO n° 19: A-prendi / N-a / vid-A

CONTIGO APRENDI
Composição: Armando Nanzarero

Contigo aprendi
Que existem novas dimensões da alegria
Contigo aprendi
A conhecer todas as minhas fanfasias
Aprendi
Que uma semana dura mais de sete dias
Que há coisas lindas que eu ainda não sabia
Felicidade foi contigo que aprendi
A ver a luz na face escura dessa lua
Contigo aprendi
Não há presença que eu trocasse pela tua
Aprendi
Que um beijo pode ser mais doce e mais profundo
Que, se amanhã eu for embora deste mundo
As coisas boas foi contigo que eu vivi
Contigo aprendi
Que eu só nasci no dia em que te conheci

VIDEO / Intrepretação: Gal Costa

sábado, 24 de julho de 2010

DEVANEIO nº 18 - Um olhar sobre Ro Rô – e sobre mim mesma – (4).

Muitas águas rolaram desde o último post.
O semestre acabou! A Disputa Eleitoral começou! A Copa passou! E o Brasil não ganhou!
Nos últimos dias a novela Bruno / Eliza tem tirado a audiência inclusive das já não mais interessantes tramas Globais.
Minha vida certinha e planejada também deu uma bagunçada. Decisões importantes sobre o futuro acadêmico mudaram um pouco o que estava previsto (ao menos em minha mente insana).
Junto disso tudo, nada melhor que o surgir de uma grande paixão para nos fazer sonhar um pouco e suavizar o dia-a-dia.
A concretude de um processo que talvez tenha me percorrido nestes 22 anos, ou então a abstração das cobranças quadradinhas da sociedade, ou ainda um momento (desejo/emoção) para destoar da saturada racionalidade (em preto e branco) que sempre me guiou...
Mas, pelo que tudo indica, não passou de “uma linda experiência” que deixou alguns arranhões no meu “casco ainda fino”.
O que fazer com isso o tempo dirá!
Por enquanto é curtir a ressaca sentimental recordando bons momentos.

O fato é que eu já estava com saudade de “devanear”, e dentre tantas coisas me faltava estímulo.
Isso tudo me recobrou o término de um compromisso já firmado aqui e interrompido. Ainda estou devendo o comentário de 5 discos da Ro Rô.
Nem sei se meus dizeres estimulam aos que lêem (se lêem), porém satisfaz a minhas emoções, pois ouvir estes discos me remetem sempre a uma auto terapia e reflexões internas.
E mais, levando-se em conta que a internet nos proporciona a utopia de falar para o nada ou para muitos ao mesmo tempo, contemplando ambos os anseios de uma vez só, não preciso de terapeuta particular (estes que, a meu ver, são inimigos das paixões, dos desafios e das belezas que só o outro – “o do divã” – pode vivenciar).

Desabafo feito, vamos à Ro Rô.
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PROVA DE AMOR – 1988: coincidentemente é o álbum que traz a trilha sonora que embalou boa parte da “paixonite” (mentira, paixãozona) comentada acima, e talvez o maior sucesso dele.
“Meu benzinho” é um pop blues interpretado com muita singeleza. Propõe companheirismo, compreensão e entrega. Dentre as outras canções é a que mais nos remete à Ro Rô dos primórdios.
Ainda que composto por algumas músicas-protesto como “Photo Kilian” e “Viciado em Regras”, além de outros Rocks e músicas internacionais, sempre presentes nos trabalhos da cantora, penso que no limiar, tivemos a música-título como um segundo sucesso.

- Não está de boa qualidade, mas infelizmente é o único vídeo disponível para "Meu benzinho"
http://www.youtube.com/watch?v=FKOK4wtfeac


NOSSO AMOR AO ARMAGEDON – 1993: Certamente um divisor de águas. Após cinco anos sem gravar, Ro Rô nos abrilhanta com este disco, já em parceria com o maestro Ricardo MacCord, gravado na casa de show carioca Jazzmania.
Com três regravações, o álbum é composto ainda por outras 13 belíssimas inéditas interpretações.
É uma síntese. Blues, Jazz, Bossa Nova...Ângela Ro Rô. Tanto é que desta seleção saíram canções imortalizadas em sua voz e carreira, como: “Quero mais”, “Ne me quitte pas”, “All the way”, “Querem nos matar”, “Joana Francesa” e “Night and days”.
Das releituras do próprio repertório: “Amor, meu grande amor” (1979) e “Fogueira” (1984), esta última que poderia ser a trilha sonora referente à essa minha ressaca...ao pós-tudo.

- Para "Fogueira" já temos mais sorte. Imagens do DVD.
http://www.youtube.com/watch?v=Mbehp4GZOaI

sexta-feira, 2 de abril de 2010

DEVANEIO nº 17 - Edição extra-ordinária (2)


Resolvi dar um pausa nos meus comentários acerca dos discos da Ro Rô, pois senti necessidade de relatar alguns episódios das últimas duas semanas.
Para começar, a tão esperada mesa-redonda com o Ministro Paulo Bernardo e as pesquisadoras Ana Lúcia e Celene que fora boicotada pela chuva que “lavou” Maringá na sexta-feira (26 de março).
E não só isto, além das falas preconceituosas do ministro, por exemplo ao mensionar a pérola “esse povo aí” ao se referir à população menos favorecida, ficou claro que a “inteção branca” da academia ao convocar um debate, não consegue desobscurecer os vultos da política profissional. Mas, justiça seja feita, estamos em ano eleitoral e os discursos estão muito bem blindados e impenetráveis.
E, nesta semana também, A JUSTIÇA FOI FEITA. Salve ao Promotor Francisco Cembranelli que colocou no “xadrez” os assassinos de Isabella Nardoni.
Bom seria se todos os casos neste país fossem bem julgados – quando chegam a ser julgados. E inclui-se aqui os crimes políticos.
E nestes últimos não só corrupção, dinheiro na cueca ou mensalão. Pois, descumprir a legislação e negar direitos de classe também é crime político. Haja visto o que o governo do estado de São Paulo tem feito com seus professores há mais de 15 anos pelo menos.
O Serra, Graças a Deus, teve a “sorte” de pegar o pipino assando em ano eleitoral.
Viva à Dilminha; Viva à Marina Silva; Viva às Mulheres em 2010!
Viva ao Dourado!
Ao Dourado??
Sem entrar no mérito do merecimento e da justiça, neste caso, o que foi este cara com 1 milhão e meio?
Diante de tudo o que o programa (BBB 10) veio disposto a representar, foi nada mais, nada menos que o já anunciado e existente machismo e conservadorismo da emissora e de seus seguidores, se é que estes realmente influenciam no resultado final (ou parcial) do programa.
E, ao falar em programa não poderia deixar de fazer minhas observações sobre o “Emoções Sertanejas” veiculado pela Rede Globo na noite deste 1º de abril. Um comemorativo aos 50 anos de carreira do Rei Roberto Carlos, com cantores sertanejos interpretando suas canções.
Minhas observações vão além do aparente paradoxo dos que não vêem nexo entre o “mundo sertanejo” e o “universo romântico” de Roberto.
Devo dizer que tem tudo a ver!
Até não vi grandes problemas nas interpretações.
Problemático mesmo estava o figurino dos cantores. A breguice excendente da maioria deles era desnecessária e só fez reforçar o preconceito dos que pejorativamente os denomina de “breganejos”.
Se Xororó, Solimões, Sérgio Reis, Bruno e Marrone, Giovani e Cézar Minoti tivessem o bom gosto de Luciano Camargo, Daniel, Gian e Leonardo tudo estaria melhor.
Já das mulheres, poupo comentários. Um horror!
No entanto, a bela interpretação de Martinha para a canção Alô até me fez desconsiderar momentaneamente seu vestido de renda com uma faixa vermelha na cintura.
O que eu não posso desconsiderar é o corte que a Globo fez à própria Martinha, ao Milionário e José Rico e à Nalva Aguiar. Estes sim, junto aos contemplados Almir Sater, Sérgio Reis, Dominguinhos, Tinoco e Chitãozinho e Xororó são os representantes legitimos das verdadeiras “Emoções Sertanejas”.
Se meus queridos Zezé e Luciano, Daniel e Chitão e Xororó tivessem cantado apenas uma vez como os demais, certamente os pioneiros teriam seu merecido espaço garantido e respeitado.
Enfim…

Por fim, não poderia também deixar passar desabercebido o Post da semana feito por meu “amigo do peito, irmão camarada”, Dino (Felipe Fontana) em seu blog ARRAZOAR.
Mais do que comentá-lo preferi “respondê-lo” e dizer que nestes quase quatro anos de amizade o texto publicado por ele foi um dos momentos que mais senti meu amigo perto de mim e que senti mais sinceridade e emoção em suas palavras.
Acho que a nostalgia, “depressão” e saudade antecipada noticiadas por ele não é egoísmo, mas o reconhecimento de que tudo valeu a pena e principalmente de que somos especiais.
Sinal de auto-reconhecimento, por que não? Basta ver a profundidade dos versos do Legião que ele anexou no texto.
Como me “iluminou” uma amiga há poucos dias – talvez seja os dilemas da maturidade chegando. E o medo faz parte.
Só que aos seus versos eu respondo, amigo, que a partir do momento que você “não esquece a riqueza que nós temos” não estará mais tendo que “viver consigo apenas”. Se “ninguém consegue perceber” isto, mas você percebe já é o bastante para “conseguir dormir” com a certeza de que pelo menos de sua parte houve “grande investimento”, como diria uma velha amiga.


Vídeo: A MÚSICA É DEDICADA AO DINO! E as imagens para que vejam um pouco do que tentei descrever do Especial do Rei.



sábado, 13 de março de 2010

DEVANEIO nº 16 - Um olhar sobre Ro Rô (3)

Na verdade, a MPB de Ângela Ro Rô foge ao erudito inatingível de muitos cantores e compositores do gênero.
As letras transformadas em belas canções tratam de temas recorrentes a todos nós.
O grande charme de sua obra é o tratamento angelical – e podem levar em conta o trocadilho – que ela dá às suas emoções. Sem rodeios, nem meias palavras.
Ângela Ro Rô por Ângela Ro Rô – uma tradução dela e de nós mesmos.
A grande novidade dos discos abaixo é a melodia.


A VIDA É MESMO ASSIM – 1984: a canção que abre e dá titulo ao álbum traz belos metais na introdução que dão o tom para uma bela inovação melódica a todo o disco.
Os metais também marcam harmoniosamente as faixas “Sucesso Sexual”, “Librear” e “Nenhum Lugar” que conta ainda com um marcante piano base, que por sinal, acompanha de ponta a ponta todos os discos.
Na faixa “Opus 2” o detalhe é a sutileza de uma guitarra e bateria guia.
As inovações continuam ainda em “Gata, Moleque, Ninfa” em que dois violões dão um toque a mais no arranjo, além de uma deliciosa melodia, talvez latina, em “Isso é para a dor” – violões, castanholas e percussão.
Quanto aos sucessos: A vida é mesmo assim, e Fogueira (regravada inclusive por Maria Bethânia).


EU DESATINO! – 1985: tirando o descompasso do vocal usado em “Eu Desatino”, continuo dando destaque aos arranjos. Faixa a faixa somos surpreendidos pela distinção deles. Principalmente pelas guitarras muito bem postas.
Um álbum, que apesar das letras, se compões de muita alegria e ousadia.
As quatro primeiras músicas, no entanto, são muito marcantes justamente neste tocante. “Blue Janis”, “Isca de Piranha”, “Laura Regina Hilária” e “Nóia”.
Nem um grande sucesso além de Mônica – historia de uma jovem assassinada pelo namorado. História real.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

DEVANEIO nº15 - Um olhar sobre Ro Rô (2)

Volto para continuar minhas observações sobre a obra de Ângela Ro Rô.
A brandura de sua voz até suaviza o conteúdo das canções, que por vezes se revela bem pesado e denso. Isto por que a música, para Ro Rô além de trabalho e dedição ao público, parece ser também uma terapia. Honrosos de nós que somos seu Divã.
ESCÂNDALO – 1981: talvez o primeiro álbum que reflita integralmente a alma e o momento de Ro Rô. O conjunto das canções compõe praticamente um depoimento; uma confissão.
A cada faixa vemos uma avalanche de sentimentos transbordarem. E o momento muito peculiar da vida da cantora nos faz compreender o porquê de tudo.
A musica que dá nome ao disco foi um presente de Caetano Veloso. Dentre as outras, a sensualidade de Na Cama, o insulto “classudo” de Fraca e Abusada e a deliciosa balada romântica Came e Case.
Indicação
Infelizmente há poucos videos com as gravações originais.
Este é mais recente, mas cativa pela interpretação.
http://www.youtube.com/watch?v=GfVEIUtWmqQ

SIMPLES CARINHO – 1982: apesar da regravação título de João Donato e Abel Silva, o ponto alto é a segunda faixa – “Quem me quiser”. Emocionante harmonia entre a voz, o arranjo, a letra e a doação de Ro Rô ao interpretá-la.
Destaques ainda para “Demais” que lhe rendeu comparações com a cantora e compositora Maysa; além de “Querem nos Matar”, fantástica música protesto.
Até mais...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

DEVANEIO nº14 - Um olhar sobre Ro Rô (1)

Como bem caracterizou Marilia Gabriela, Ângela Maria Diniz Gonçalves – Ângela Ro Ro – é simplesmente DESTEMIDA. E suas músicas refletem tal característica.
Desde o seu primeiro disco cantou seus amores, medos, vícios, sexualidade, ciúmes e tristezas.
Ato de extrema coragem, sinceridade e ousadia. Adjetivos, aliás, que permeiam toda sua obra e fazem transparecer o seu “eu”.

ÂNGELA RO RO – 1979: no seu primeiro trabalho Ro Rô já mostrou a que veio.
A voz, que é inegável e inquestionável, era apenas mais um detalhe a sonorizar docemente as verdades de cada letra.
O álbum de 1979 emplacou, além do carro-chefe “Amor, meu grande amor” (Ângela Ro Ro e Ana Terra), canções como: Cheirando a Amor, Gota de Sangue, Tola foi Você, Agito e Uso, A Mim e Mais Ninguém e Mares da Espanha, a qual o único questionamento é à introdução um pouco descompassada com o restante da música. Além destas, o disco ainda lançou “Balada da Arrasada”, que foi inclusive regravada por Ney Matogrosso.
Na minha singela opinião: este é o disco Escândalo!

indicação: http://www.youtube.com/watch?v=sH29pmmVMYg

SÓ NOS RESTA VIVER – 1980: segue o fôlego do primeiro, mas com menos hits emplacados. No entanto, imortalizou a música titulo, “Só nos resta viver” e uma deliciosa regravação de “Fica comigo esta noite”. Além disso, trouxe a balada autobiográfica – “Meu mal é a Birita”.
Volto em Breve...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

DEVANEIO nº 13 - Escândalo (2009)

Acho que já fiz transparecer que tenho certa quedinha pela Música também.
Nem sempre um gosto erudito e muito original, mas gosto do que deixe aparecer o que sou. Ainda que nem mesmo eu tenha certeza disso.
Gosto bastante de música nacional. Ainda que não conheça o artista, é uma música que nunca me irritará. (sem bem que o Brasil produz muita porcaria tambem).
Dentre os meus preferidos Zezé...Fabio Jr...Roupa Nova...Ney Matogrosso...14 Bis...Ana Carolina...Elis...Chico...muitos!
A mais recente descoberta já noticiada aqui: Angela Ro Ro.
Ouvi há poucos dias todos os discos desta grande cantora e pretendo comentá-los pra vocês.
Gostava do formato que um conhecido comentava discos no seu "Melomania", ainda que sua preferencia fosse a Música Internacional, sobretudo o Rock. Não me esquecerei de dois belos Posts que fez: um a respeito de Guilherme Arantes (que às vezes também agrada meus ouvidos) e um sobre os 100 melhores discos da MPB.
Me inspirou também a série "Divas de Outrora" do meu amigo Paul no "MuzaMusica".

No final do ano passado foi Lançado o 12º disco de Ro Ro.
Começarei por ele por ser o que, a meu ver, mais destoa de todos os outros.
Escândalo (2009) - é a reuniao de trechos de músicas cantadas no Prgrama que a cantora tinha no Canal Brasil, que levava este título. A intensão é válida, mas há pouca originalidade no nome, que inclusive já foi utilizado em 1981, e neste último a Música Título nem está presente no repertório.
No entanto, a voz e emoção continuam intáctas, valendo qualquer tipo de intensão e os menos de 60 minutos de duração.

Próximo Post: comentários dos discos em ordem cronológica.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

DEVANEIO nº 12 - Edição extra-ordinária

Acho que nunca postei num intervalo de tempo tão curto.
Só que desde o incio de Janeiro tentava levantar alguns parágrafos sobre o que se segue.
Então, por e sobre uma Edição Extraordinária.

____________

Dois meses e meio de férias.
É muito tempo.
O ritmo frenético durante o ano letivo até é exaustivo. Mas, a ociosidade do recesso é intediante.
Se bem que neste verão viajei bastante, como há muito tempo não o fazia. Se é que o fiz alguma vez com tanto prazer.
E não é por falta do que fazer, afinal estudar nunca é demais. No entanto, comer dá sono, e dormir dá fome.
No intervalo desta rotina: BBB 10.
Fazer o quê? Nem todo mundo é de ferro.

Boninho e Bial têm molhado os lábios para afirmarem que é o BBB da Diversidade. Acham que estão fazendo alguma caridade por terem “escolhido” três homossexuais assumidos como participantes.
Porém, em outras edições Gays já estiveram presentes.
A caridade então seria a presença de uma Lésbica?
Tolice!

Acho ótima a “inclusão” dos três. Mas isto não é nem uma (nem duas, nem três) caridade.
É bárbaro que se “inclua” a “discussão” da homossexualidade num programa que infelizmente possui tanta popularidade.
Mas, porque justamente nesta edição a censura elevou a faixa etária? De modo que nem a Ana Maria pode mais acordar os Brothers...
As crianças até o ano passado podiam ver Bundas, Palavrões e Edredons ao alto, mas agora não podem ver como se comportam os Gays. Ainda que não se portem como aberrações, porque não o são!

E sabem entre quem os índices de homofobia são mais altos ( a fora a boa parte da comunidade católica)?
Justamente entre jovens e crianças!
Enquanto Gays, Negros e Pobres forem tratados como os diferentes e “perigosos” (aos “bons costumes” e à boa moral) nossas discussões não caminharão.
Hastear a Bandeira a meio mastro não faz com que os que realmente precisam a vejam. Pois estes estão longe!

DEVANEIO nº 11 - Nada de-mais

Bom Dia, pessoal.
Fechei o ultimo texto um pouco melancólica.
Já passou.

Estive no Litoral Paulista na última semana. Bem relax.
O turbilhão de Taboão já passou.
Há praias maravilhosas por aqui...valeria um tour.
Sem muitas observações por hoje.

Novidade é "ARRAZOAR", este promete:
http://arrazoarfelipefontana.blogspot.com/

Gostei duma frase que está no primeiro comentário deixado neste novo blog
"O sábio que se faz de ingênuo, muitas vezes realiza melhor seus propósitos"
É pra se pensar...

O Haiti?
"Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui"

Estou no interior de São Paulo (Jales).
O calor aqui está diretamente proporcional às enchentes da Capital.
Falando nelas, deveria haver uma saída feita pela Engenharia para não se precisar jogar a água dos reservatórios nas cidades, enquanto este bem é tão escasso em tantos lugares.

Estou pensando em fazer uma série de posts comentando os discos da Ro Ro.
Em breve!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

DEVANEIO nº 10 - O Ano Novo chegou!

Devaneio nº 10, assim como a dezena do ano que chegou a todo vapor.
Lá no Haiti, porem, a todo tremor.

Como previ no texto anterior, a virada do ano foi bem agradável; à beira da piscina, regado à tequila e na companhia de grandes amigos.
O passeio pelo interior paulista e pelo sul de Minas nos primeiros dias do ano foi muito relaxante.
Surpreendente mesmo foram os dias na capital. Três dias em São Paulo e três dias em Taboão da Serra.
Os primeiros foram fazendo passeios há tempos desejados. Os três últimos: um choque de realidade.

ROTEIRO:

* Shopping Bourbon: AVATAR (o filme). Pensei que não iria gostar, mas me enganei comigo mesmo. A mensagem do filme é muito bacana. Não sou do Cineclick, mas recomendo!

* MASP: rodeada de Picasso, Renoir e do impressionismo de Van Gogh, o que me impressionou mesmo foi a arte dos grandes Carlos Dias e Zezão. Arte de rua enlatada para os bacanas que quando cruzam com tais desenhos pelas ruas tacham logo de “vandalismo”.

* R. Augusta / Bexiga: algumas cervejas em boa companhia. Olhar estes locais durante a tarde dizem até que é o mesmo que estar em outro lugar. Ficou o compromisso de voltarmos durante a noite numa outra oportunidade.

* Pq. Água Branca: um verdadeiro Oásis na capital paulista. Um recanto inaugurado em 1929. Lá as aves circulam entre a gente. A poluição da movimentada Av. Fco. Matarazzo se purifica dentre as centenas de árvores que compõem o aconchegante bosque onde a terceira idade se encontra e onde as mães levam seus filhos para desfrutarem de um pouco de tranqüilidade.
A manhã que passei neste lugar com olhar encantado e observador em agradabilíssima companhia quase me fez esquecer que estava na grande metrópole.
Isto seria quase possível, não fosse a cena lamentável que presenciamos de um ignorante Senhor de Classe Média agredindo verbalmente um humilde andarilho. Impossível expressar minha indignação em palavras.

* Museu Paulista: jardim perfeitamente planejado, arquitetura imponente e surpreendente. As escadarias do salão principal é o primeiro chamarisco do meu olhar curioso, não fosse uma pequena placa da USP indicando que os cuidados ali são intencionais.
O Museu que agora recria muito mais a historia da São Paulo antiga que dos tempos do Império; até conta com uma pequena homenagem ao meu caro Marx, mas dos séculos passados não conserva muito mais que elixires e urinóis Reais. Acervo este que intrigou bastante a mim e a querida Ana.

* Lapinha: nada melhor que o multi premiado e indicado “boteco” da Lapa – Reduto dos fãs de chope – para fechar com chave de ouro a primeira parte do passeio que ainda contou com várias horas no transito com a bela trilha sonora da “Nova Brasil FM”, que como a se despedir agradavelmente de mim ecoou o “Compasso” de Ângela Ro Ro minutos antes d’eu chegar a ultima parada: Taboão da Serra.

* Taboão da Serra: “lá o barato é louco (e outro)!”. Nem sei como descrever. Fiquei um pouco angustiada; um misto de revolta e preconceito. A lógica dos malandros versus a lógica “dos homi”. Ou seriam ambas duas faces da mesma moeda?
Talvez devesse ter me dedicado mais à aulas do Merton e sua Teoria sobre o Conflito.
Não faço parte da burguesia. Sou simplesmente integrante da classe média baixa (bem baixa) “reerguida” pelo atual governo.
Sou estudante de Ciências Sociais, mas ver passar a minha frente cenas antes só presenciadas no conforto do meu sofá pela tela da televisão não foi algo natural, nem tão pouco confortável.
É mais compreensível a mendigagem do Centro da cidade que a malandragem do morro.
A única familiaridade com aquele lugar, além de parte da própria família, foi minha Brahma gelada e as canções do Zezé que tocavam constantemente na Gazeta FM.
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Desculpem o devaneio um pouco confuso, parecido com o “Efeito Borboleta” que acabo de assistir e – compreendam minha sinceridade (e/ou ignorância) – após um breve cochilo, não entendi “bulhufas”.

PS: não gostei muito deste texto.
Uma amiga me disse recentemente que sentia um tom um tanto quanto sonhador nos outros devaneios.
Tentei ser mais descritiva e “realista” (será? Talvez!), mas não me convenci.
Realidade mesmo sentiu na pele Zilda Arns. Que Deus a tenha e que alguém continue seu trablho.
Volto em breve recomposta de mim mesma.
Hasta!

Escrito em 14/01/10 – 1:04