Como eu disse abaixo, algumas coisas me apurrinham nestes tempos eleitoreiros.
- Entendo o que meus professores dizem quando reclamam do fato de que só por que somos (ou seremos) Cientistas Sociais temos que ter opinião formada sobre tudo (concordo também com Raul Seixas nessa hora);
- Só por que tenho um posicionamento partidário “polêmico” e não me envergonho em divulgá-lo, meu casco fica todo alvejado.
Este ano em especial algumas questões estão claramente postas e eu fico sempre matutando. A cada indagação externa me indago internamente também para ver até que ponto meus posicionamentos são sólidos e/ou coerentes.
Coitados dos que me lêem foram pegos para teste. (rs...)
Algumas reflexões, então:
1) Ainda vivemos sobre o “mito vindouro da MUDANÇA”. E talvez a Direita nunca tenha pronunciado tanto esta perspectiva quanto agora.
E por quê?
Por que a mudança tão pronunciada desde sempre neste país, aquela mesma (ou similar) adiada em 1964 começou a ser feita. Claro que não de forma rápida e revolucionaria como queria a extrema-esquerda, mas começou!
E a mudança quando sai do discurso incomoda principalmente àqueles que não a desejam, como é o caso da corja oligárquica. Por isso falam em mudar. O que na verdade significa dizer que desejam reverter um processo que se iniciou e se mostra bastante promissor (ver Devaneio nº21).
Devemos ter claro em mente o país que queremos e suas possibilidades reais de se concretizar. Nossa DEMOCRACIA está em franco processo de aprimoramento, tanto em seus aspectos formais como também valorativos.
Por este motivo também que aposto no projeto do “continuar mudando”.
2) É óbvio também que ainda não alcançamos o país que supomos querer, então o que significa “continuar mudando”?
Significa justamente ampliar este processo de ascensão, inclusive (e principalmente) popular, pelo qual o Brasil passa. Minimamente: o estabelecimento da Poliarquia. Porém, quando digo que nossa democracia tem se aprimorado, é por que aqui não precisamos restringir os meios de Participação e Contestação como única e exclusivamente representados pelo voto.
Já possuímos mecanismos muito mais sofisticados para tal. Trata-se de ampliá-los...fazê-los cumprir...e sobre tudo ocupá-los.
Espaços Públicos...Bolsas quaisquer...Desenvolvimento econômico (estável)...Educação...etc...etc...tudo precisa ser ampliado e melhorado, mas confio no ritmo que tem ocorrido.
O Brasil nunca foi tão de TODOS quanto agora. Inclusive dos banqueiros! Antes só era deles e de seus amiguinhos.
3) A este terceiro questionamento eu não tenho resposta nem argumentos concretos e plausíveis por hora formulados, mas esta foi uma questão que não saiu de minha cabeça, sobretudo nessa campanha: “por que o assistencialismo das religiões se traveste de caridade e alguns Programas estatais (no cumprimento do seu dever) são tidos como assistencialismo?”.
No íntimo talvez eu até tenha o caminho para responder, mas prefiro não utilizar argumentos que ainda são de vidro.